Marcado: Enderson
Barcos vai pro banco
O time do Grêmio é manco. Um time que pra ruim não serve. Porém, manco. Difícil ir longe assim.
O goleiro é bom. Confesso que não me passa total confiança: toma gols discutíveis com uma frequência acima do aceitável para um time de ponta. Por outro lado, opera milagres e salva o time em outras oportunidades. Longe de ser problema. Mais perto até de ser solução. A zaga? Ok, limitada. Mas, convenhamos, está na média nacional. Pra mim, Werley, Bressan, Geromel, Saimon e cia são tudo a mesma coisa. Mesmo nível. Que é o nível do futebol brasileiro. Olhem os outros times da Série A. Todo mundo tem seus Bressans e afins. Meio-campo: temos bons volantes e gente promissora no meio. Ninguém horrível. Ninguém absurdamente bom. Mais uma vez, média nacional. Não é nosso grande trunfo, tampouco nosso furo. Laterais? Sinceramente, não comprometem. Breno ainda tá surgindo, é cedo pra analisar. Pará é útil e cumpridor quando joga simples, mas costuma se perder quando acha que é craque. Irrita? Sim. Porém, longe de ser o problema do time.
Aí chegamos no ataque. Dudu é dos melhores do elenco. Talvez o melhor. O único que se salvou nos recentes fiascos e eliminações. Pobre Dudu. Tenta, se esforça. Mas ao seu lado, aí sim, temos o furo do time. A perna manca do time. O problema maior do Grêmio: Barcos. Tá irritante. Há tempos. Participa pouco e, quando o faz, estraga as jogadas. Erra tudo que tenta. Tenta passar quando é pra chutar, tenta chutar quando é pra passar. Nas raras vezes que participa e acerta a decisão, erra a execução. Isso pesa pro time. Um centroavante que não faz gols e estraga jogadas promissoras pesa MUITO pro time. Custa caro, em todos os sentidos.
“Ah, mas é líder“. Que liderança é essa? Existem dois tipos de liderança no futebol: técnica e anímica. A primeira é aquela natural, dos craques. Ronaldo Nazário, por exemplo. Por mais que não dissesse uma palavra no vestiário, era um líder. Era respeitado, consultado por jovens, observado, admirado. A liderança anímica costuma ser exercida por jogadores mais inteligentes e articulados. Costumam ter uma empatia junto aos companheiros e torcida. Talvez carisma. Com o dom da oratória, discursam no vestiário, contagiam, tomam a frente em decisões do grupo, etc. Nosso líder não acerta uma jogada e fala pra dentro. Sem falar nas declarações desastradas nos microfones. De onde vem essa liderança? Será que ela é realmente tão absorvida pelos companheiros ou é mais de fora pra dentro? Será que o grupo ia se importar tanto em ver esse líder no banco? Ou será que o Dudu, por exemplo, não se importa mais em correr sozinho? Em tabelar com um poste. Em tocar a bola pra alguém estragar a jogada e depois correr pra receber e ficar na saudade. O que será que ele prefere?
“Ah, mas ele não recebe salário há 4 meses“. Não interessa. Sei que há um atraso considerável no tal Direito de Imagem (não é salário mas corresponde a boa parte da receita dos jogadores). Isso é regra no Brasil. Raros são os clubes que nunca atrasam esse pagamento, se é que existe algum. Isso é desculpinha furada. Se tivessem ganhando não tocariam no assunto. Muitos clubes ganham com esses atrasos. E outra, o clube atrasou porque passa por sérias dificuldades financeiras, não é por sacanagem. Koff não deve estar conseguindo dormir por conta dos quebra-cabeças administrativos que assombram sua mente. Só a OAS já deve lhe tirar belas horas de sono. E tem todo um clube pra gerir ainda. Não tá fácil. O jogador tem que entender e abraçar a causa. Ajudar o clube. “Pegar junto”. Se vai ficar fazendo corpo-mole porque tem atraso, não me serve. Nesse caso, direção e comissão técnica são estúpidas em deixar um atleta com esse pensamento entrar em campo. Põe na geladeira e deixa qualquer guri da base em seu lugar. Nada pode ser mais óbvio que isso. Mas esse papo é balela. Não vejo corpo-mole. Ele não é má pessoa. Vejo deficiência técnica mesmo.
“Tá, mas vai botar quem?” Qualquer um. Põe um meia (Maxi?) e deixa o Dudu sozinho lá na frente. Põe mais um zagueiro. Põe o massagista. Mas põe alguém que me irrite menos. Sei que não dá pra dispensar o Barcos, tem contrato, é patrimônio do clube, etc. Então põe o Lucas Coelho no seu lugar: se render menos que o Barcos – quase impossível – dispensa o guri. E manda estudar pro ENEM. Como diria o Tiririca, “pior que tá não fica”.
Acontece que vejo em Barcos e ENDERSON nossos dois maiores problemas. E o segundo dificilmente vai tirar o primeiro. Não tem “ESTOFO”, pra não dizer CULHÃO. Ops, já disse. Acho que nosso treinador não manda nem no seu próprio cachorro. Parece que tô vendo ele tentando expulsar o cusco pra rua e o bichano, com ar de desprezo, levantando a patinha pra mijar em sua perna. Enderson sabe montar um time, não é um treinador horrível. Mas aperta quando o caldo engrossa. Mata-mata, Gre-nal. Ano passado era só ganhar em casa pro Goiás ir pra Libertadores, última rodada… Tomou 4. Deve ter achado normal. Hoje montou um time pra empatar. Ambição zero. Deve ter achado normal perder por pouco no Morumbi. E ele não está errado. É muito normal mesmo. Os times que ele monta estão fadados a serem eternamente normais. No MÁXIMO, normais. A torcida gremista cansou de ser normal. Ela quer mais.
Todos os caminhos levam o Barcos ao banco de reservas. Pra torcida se acalmar. Pra dar chance a algum jovem. Pra mexer nos brios do time. Pra gerar um fato novo. Pra finalmente jogarmos com 11. Mas esse caminho não é florido e convidativo. Não é tão fácil tirar um figurão do time. Barcos tem seu peso junto ao vestiário – ainda que eu ache bizarro. O salário dele não é condizente com o banco. Já foi de Seleção, já fez sucesso em outros times. Isso pesa. Mas o Grêmio não pode mais pagar esse preço do passado. No presente a história é outra. Não podemos comprometer nosso futuro. A tendência é que o Enderson não desbrave esse caminho redentor. Provavelmente ficará parado onde é mais cômodo e seguro. É o mais NORMAL a ser feito. Cabe a nós iniciar essa revolução. Tenho certeza que, se levarmos essa questão adiante, Barcos vai pro banco. Com Enderson ou sem Enderson. Será bom para todos, até mesmo pra ele.
Vamos mostrar ao clube que, ao contrário do que o Pirata pensa e disse, a torcida tem força sim. E essa torcida quer vê-lo no banco! #ForaBarcos
Saudações azuis, pretas e brancas.
Lucas von.
O rebanho tá sem comando
Atitude pra salvar o ano
Não tava a fim de escrever sobre esse patético Gre-nal de ontem. Mas aí saí rapidamente na rua hoje e vi 2 gremistas vestindo o manto. Resolvi escrever.
Muita gente vai lembrar daquele Barcelona dos últimos anos e encher o peito pra dizer: “futebol hoje em dia não exige mais força, gana, carrinho. Tem que saber jogar“. De fato, era um time que jogava fácil (ou ainda é). Messi nunca proferiu impropérios ao zagueiro adversário. Iniesta esbanja classe, jamais truculência. O técnico? Seja quem for, sustenta a imagem de um senhor alinhado e de semblante sereno. Nunca foi necessário um tiozinho de abrigo esbravejando na casamata catalã.
Mas aquele Barcelona é um ponto fora da curva. Elenco ímpar, jogadores únicos e fora de série. Estilo próprio de jogar que vem da base, entrosamento incrível, enfim, muitas peculiaridades que transformaram aquele time numa máquina. Os times “normais” precisam de um algo mais. Precisam jogar com o coração. Sujar o calção. Intimidar o menino inexperiente do adversário. Catimbar. Pressionar o árbitro. Ocupar espaços. Não admitir bolas perdidas. Em suma: precisam fazer MAIS do que apenas jogar futebol. É o diferencial de quem não tem um Messi em campo. E, diga-se: mesmo com Messi, se rolasse mais DESCONTROLE em alguns momentos, poderiam ir mais longe. Superando, por exemplo, o sanguíneo Atlético de Madrid, que é um bom time, mas se destacou sobretudo pelo coração.
Um time de futebol normal – que não sobra tecnicamente – precisa ser um pouco marginal. Precisa de rebeldia, indignação, inconformismo. Precisa agir com o coração. Claro que talento e qualidade são indispensáveis. O Dinho, aquele de 95, tinha muita qualidade. Mas nem por isso abria mão da virilidade. Isso o tornava diferenciado, acima da média. O tornou ÍDOLO.
Lembro que em 2010 critiquei a apatia do Grêmio e me referi ao TRIPÉ que estava por trás dela: Duda Kroeff, Meira, Silas. Votei no Duda, me parece ser uma boa pessoa. Porém, lhe falta descontrole. Lhe falta sangue quente nas veias. Meira, idem com fritas. Silas, nem se fala. Quando tu não tem UMA base sólida nesse tripé, a apatia fatalmente entra no gramado. A não ser que tu tenhas em campo jogadores genuinamente sanguíneos. Um D’Alessandro, por exemplo. Ou vários. Caso contrário, as partes envolvidas vão esperar motivação e iniciativa umas das outras. E aí ficam naquele “deixa que eu deixo”. E aí mais um ano acaba de forma melancólica.
Nosso tripé de hoje seria Koff, Rui Costa e Enderson. O primeiro, um mito. Pelo menos no passado: no presente tenho minhas dúvidas. Parece cansado, física e mentalmente. É hora de ver se ainda terá fôlego pra transformar esse limão numa limonada. Confio nele, mas não tenho essa certeza. Ao seu lado, o jovem e competente Rui. Um grande profissional. Porém, polido, cabelo lambido, bem vestido, medindo palavras. Longe do marginal que buscamos. Enderson? Putz. Enderson. O garoto propaganda do posto Ipiranga foi a decepção do Clássico.
Nosso técnico conseguiu tomar DOIS nós táticos do ABEL BRAGA, em 180 minutos. Enderson foi mal nos 4 tempos da decisão (pelo menos nos 3 últimos, indiscutivelmente). Escalou mal, mexeu mal, não conseguiu desatar os nós armados pelo Abelão – que é bom técnico, porém muito mais um paizão motivador do que um mestre da prancheta. E tudo isso com a mão no bolso. Assistindo apaticamente ao fiasco. Me parece um bom técnico, sabe montar um time. Deve ser querido e respeitado pelos atletas. Mas não chuta a porta nem da casinha do cachorro dele. Declarou que “não foi fiasco”. O QUE SERIA ENTÃO, PORRA!??? Não sabe sair de situações encrespadas. Quando o caldo engrossa ele sucumbe. Preocupante.
Em campo? Ah, cara… Um time competitivo, querendo sim mostrar trabalho. Não tem corpo mole ali. Mas nosso capitão é o Barcos, que joga de calça jeans e não empolga nem a mãe dele. Werley dando passe pro gol do D’Alessandro (o mesmo Werley que ano passado fez gol contra o líder do campeonato, num jogão na Arena, e não comemorou, pois tava chateadinho com a direção sei lá por quê. Aí tu já sente o espírito desse cidadão). Pará, esforçado sim, mas limitado. Perdeu gol feito no primeiro minuto de jogo: seria outra partida. E aí soma aqui, acrescenta lá… Deu no que deu. O Edinho talvez seja dos poucos do CLUBE INTEIRO com o espírito que precisamos. Não só dos que entram em campo, mas incluindo direção e comissão técnica. Aí o Enderson tira o Edinho: tomamos 3 gols em menos de 10 minutos. Depois de tomar o segundo, o time acusou o golpe. Sentiu que o título tinha escoado pelo ralo. Ficaram tontos – COISA QUE MARGINAL NÃO FICA – e tomaram mais dois na sequência.
Kleber tava jogando NADA antes de se lesionar. Eu queria ele em campo ontem. Não aceitaria esse vexame. Saimon é um menino com suas limitações e afobações, porém também estaria à flor da pele em campo. Não deixaria o Inter adentrar nossa área o tempo inteiro, como quem estivesse passeando no bosque. Até na lateral direita o Saimon me servia ontem. O Grêmio precisa desse descontrole. Time de cordeirinho não vai longe. A Libertadores é um matagal fechado e traiçoeiro. E ovelha não é pra mato.
Não quero que o Koff seja quem nunca foi e perca a elegância, tampouco que tome ritalinas para recuperar a energia da sua juventude. Também não quero que o Rui raspe o cabelo e comece a dar entrevistas fanfarronas. Muito menos que o Enderson passe a vociferar na casamata “pra inglês ver”. Quero que essa indignação seja genuína. Que os discursos internos sejam pesados. Que, em campo, assimilem o espírito. Que o Edinho não saia do time. Que os jogadores não paguem imposto pra dar carrinho. Que alguém enfie o dedo na cara de alguém – seja do adversário, seja do próprio colega. Que o Riveros comece a gritar com o Ramiro. Que o Rhodolfo assuma a liderança da zaga. Que o Barcos acorde pra vida. Que o Grêmio, com todo respeito, mande o Papa tomar no cu nessas oitavas de final. Não gostou da heresia? Foda-se, aqui é Grêmio. Esse é o espírito, doa a quem doer.
A torcida gremista tem essa rebeldia na sua essência. Ela toma 4 gols num Gre-nal vexatório e sai de casa com a camisa tricolor. Ela é petulante, irônica, marginal, orgulhosa. Ela afronta os rivais até quando está por baixo. E isso, tenho certeza, INCOMODA. Rivais se incomodam ao ver que o Imortal nunca morre. Rivais se incomodam ao ver um time esfacelado no domingo com o nariz empinado na segunda-feira. Mas tá na hora de o time acompanhar a torcida. Quero um Grêmio que incomode em campo. Um Grêmio que não se entregue. Que não tome 6 gols numa Final. Um Grêmio inconformado, indignado, ORGULHOSO. Com brios. Um Grêmio que até perca eventualmente, pois é do jogo, times melhores e/ou com dias mais felizes cruzarão nosso caminho. Mas que as derrotas nos orgulhem, nos arranquem aplausos. Esse é o caminho para as vitórias. Tenho certeza disso. Um Grêmio que incomode, um Grêmio que perca nos orgulhando. Esse é o Grêmio que pode voltar a erguer canecos.
Saudações azuis, pretas e brancas.
Grêmio jovem e solteiro
Resultado do Gre-nal: gremistas chateados e preocupados com o time. Aquele princípio de empolgação que se desenhava recebe um balde de água fria. A desconfiança, até então esquecida, dá uma acenada matreira. E, ainda que confiantes no Tri América, os gremistas de hoje já não são os mesmos de ontem.
Essa mudança que identifico no semblante e nos desabafos dos gremistas com os quais conversei não são reflexo da derrota no Gre-nal. Não APENAS do placar, do resultado, do 2×1 em si. O furo foi mais embaixo. Vimos um Grêmio que foi levemente superior na primeira etapa, conseguiu até abrir o placar, mas que se deixou ser completamente dominado pelo rival em plena Arena no segundo tempo. Um Grêmio sem reação. Um Grêmio que assistiu ao jogo. Um Grêmio quase patético.
Quando o cara é jovem e solteiro, normalmente sai na noite com o objetivo claro de “pegar umas mina”. E lá vai ele. Se arruma, penteia o cabelo, passa perfume, tudo certo. Só que tem dias que a coisa não sai do jeito imaginado: chega lá e não pega ninguém. Acontece. É normal.
Porém, existem dois tipos de “não peguei ninguém”. Existe aquele “não peguei ninguém” que tu tentou. Conversou com a guriazinha aquela do colégio ou faculdade que sempre fica te olhando. Chegou junto naquela outra por quem tu sempre teve uma quedinha. Tentou aproximação com mais umas duas loucas aleatórias. Porém, nenhuma quis ficar contigo. É do jogo. Mas tu vai pra casa tranquilo. Claro, levemente cabisbaixo por não ter se dado bem, mas com a consciência leve de quem fez o que pôde. Em compensação, tem dias que tu fica travado. Fica com vergonha de puxar papo com aquela gatinha da tua rua. Perde umas três chances de ouro de puxar papo com outras meninas. Fica ponderando, hesitando, calculando e, quando vê… Acabou a noite. Nesse dia tu vai pra casa puto da cara. CONTIGO MESMO.
O Grêmio do Gre-nal 400 não chegou em ninguém. Foi covarde. Medroso. Jogadores não encararam o jogo como decisão. Passearam. Inter nitidamente marcando mais em cima, querendo mais o resultado. Nosso treinador foi o retrato dessa falta de culhão: jogo empatado, EM CASA, ele me tira o Dudu pra botar o Alan Ruiz. Com 3 volantes em campo ele tira o Dudu! Nosso técnico até então vinha acertando basicamente por fazer o simples. Via de regra fazia o óbvio e acertava. Ontem não sei o que aconteceu. Mexeu muito mal. Esqueceu que tava no Grêmio, teve uma Síndrome de Goiás. Que acadelamento é esse?
E esse é o motivo pelo qual os gremistas estão mais abatidos. Ninguém dá valor pra Gauchão. Nossa preocupação maior nem foi com essa taça, que já está praticamente perdida. Nos preocupamos com a postura do time. Com a covardia do nosso treinador. Parecia assustado com o Clássico. Tenho certeza que se o Enderson entra no vestiário aos berros, batendo com o pênis ereto nas paredes, dando soco nos armários e o time em campo responde com carrinhos alucinados, bola na trave, tentativas agudas de dribles – mesmo que sem sucesso – e, enfim, faz um jogo de encher os olhos, ninguém estaria tão chateado ou preocupado com a derrota (ainda que eu ache difícil perder nesse contexto).
A derrota no Clássico é normal, não tem favorito. Nossa postura é que não foi normal. Ou melhor, tá se tornando normal nos últimos anos. Achei que tava mudando em 2014. Agora já não sei mais.
Pra dentro deles, Grêmio! Porra! Não fica assistindo! A festa vai acabar e a gente vai se dar mal!
Saudações azuis, pretas e brancas,